A pararu-espelho Paraclaravis geoffroyi é uma ave da família Columbidae. Ocorre no Brasil, Argentina e Paraguai. ESPÉCIE EM PERIGO CRÍTICO DE EXTINÇÃO.
- Nome popular: Pararu-espelho
- Nome inglês: Purple-winged Ground-Dove
- Nome científico: Paraclaravis geoffroyi
- Família: Columbidae
- Subfamília: Claravinae
- Habitat: Ocorre do Sul da Bahia até Santa Catarina. Os registros existentes indicam uma raridade natural em sua área de distribuição geográfica, embora alguns relatos antigos mencionem a espécie há mais de 50 anos. É considerada uma espécie quase endêmica do Brasil. Fora do Brasil pode ser encontrada na Argentina (Misiones) e no Paraguai. Há relatos de indivíduos que foram encontrados em regiões montanhosas de até 2.300 metros de altitude. H.Sick (1997), relatou bandos de aves nos arredores de Teresópolis – RJ, região de altitudes que variam de 869 (centro da cidade) a 2.262 metros de altitude (Serra dos Órgãos). Também há relatos de aves observadas em Itatiaia – SP, onde as altitudes variam de 600 a 2.789 metros (Pico das Agulhas Negras) e na RPPN Parque do Zizo/SP, em 2007, durante forte frutificação do bambu.
- Alimentação: Alimenta-se da floração das taquaras, criciúmas, sementes e frutos carnosos como o mamão. Explorando preferencialmente os taquarais de regiões serranas em busca da frutificação dessas plantas como fonte alimentar. Entretanto, pode forragear no solo de campos abertos, atraída por sementes de gramíneas que surgem com o rebrotamento pós-queimada, e frutos do caruru. Uma característica interessante da pararu é sua relação com as sementes de taquaruçu, taquara e taquaris. O reaparecimento desta espécie, em algumas regiões, seja natural ou antropomorfizada, se deve ao ciclo destas gramíneas, que ao produzirem suas sementes, contribuem para manutenção da dieta destas aves.
- Reprodução: Foram encontrados pouquíssimos dados sobre a reprodução da Pararu. O que se sabe, é que a atividade reprodutora ocorre no verão, nos meses de Novembro a Fevereiro. Há poucas informações, a respeito de seu processo de nidificação. Segundo um relato, este é montado em árvores espessas e com muitos ramos. Se o ninho, seguir o critério dos columbídeos, sua forma lembrará uma tigela achatada, com gravetos secos mal reunidos. Diz-se ser contruído sobre cipós e ramagens de árvores, onde a fêmea bota dois ovos. Estes eclodem cerca de 15 dias após a postura. Sabe-se por ex-criadores, que macho e fêmea se revezavam na incubação, preferindo raizes finas e ásperas para construir o ninho, que forravam com penas e musgo, em forquilhas. Em cativeiro sua alimentação baseava-se em misturas de sementes com rações granuladas, e se acostumavam facilmente à presença humana.
- Estado de conservação: Em Perigo Crítico.
Características:
Mede de 22 a 24 cm de comprimento e pesa entre 200 e 250 gramas. A espécie apresenta dimorfismo sexual. A plumagem do macho é cinza azulado, e dependendo da incidência da luz, parece púrpura. Com duas largas faixas transversais na asa de cor castanho cobreada. Do pescoço ao peito predomina a combinação cinza e azul. As asas são escuras (ardósia-azuladas) e apresentam três largas faixas transversais pretas, que são característica marcante da pararu. As rêmiges destoam das penas do restante das asas, pois essas são coloração mais enegrecida. Do ventre à região do uropígio, a coloração é branco-acinzentada. Apresenta nas asas a característica mancha de brilho metálico acobreado ou “espelhos”, cujos reflexos intensos se observam no voo, originando seu nome popular. A cauda possui as retrizes laterais brancas e as centrais, quase negras (ardósio-azuladas). O crisso (região ao redor da cloaca das aves) é branco-amarelado. Nos dois sexos, teremos os tarsos avermelhados, os olhos escuros e o bico preto. As fêmeas embora possuam o desenho idêntico ao do macho, apresentam uma coloração completamente diferente de seu parceiro. São pardo-amareladas com fronte e garganta esbranquiçadas. O peito, ventre e uropígio são mais claros que a coloração geral, ou seja, pardo-esbranquiçados. As asas possuem coberteiras pardo-escuras e rêmiges de tom mais acentuado. As retrizes apresentam a mesma tonalidade das rêmiges.
Comentários:
Espécie florestal de habito terrícola, vive em ambientes com florestas densas nas encostas de serras, escondida nas matas fechadas e taquarais. Vivem na maioria das vezes em pequenos bandos. Porém, parece que de acordo com a região, os bandos tornam-se numerosos, pois na década de 30, foram observados bandos de 50 a 100 indivíduos. No período de procriação, ocorre a formação dos casais.
Áreas de ocorrência no Brasil.
Consulta bibliográfica sobre a espécie:
- FRISCH, Johan Dalgas; FRISCH, Chistian Dalgas. Aves Brasileiras e Plantas que as Atraem 3ª edição. Ed. Dalgas Ecoltec – Ecologia Técnica Ltda.
- SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1997.
- Sigrist, Tomas Sigrist; Guia de Campo Avifauna Brasileira 1ª edição 2009 Avis Brasilis Editora.
- ITIS – Integrated Taxonomic Information System (2015); Smithsonian Institution; Washington, DC.
- CLEMENTS, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, D. Roberson, T. A. Fredericks, B. L. Sullivan, and C. L.. The Clements checklist of Birds of the World: Version 6.9; Cornell: Cornell University Press, 2016.
Referências
- Wikiaves – disponível em: https://www.wikiaves.com.br/wiki/pararu-espelho Acesso em 25 de Novembro de 2015.
- Avibase – disponível em: https://avibase.bsc-eoc.org/species.jsp?avibaseid=1652D541 Acesso em 19 de Julho de 2015.
- C. Lees, A. et al – Assessing the Extinction Probability of the Purple-winged Ground Dove, an Enigmatic Bamboo Specialist – Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fevo.2021.624959/full Acesso em 31 mai. 2021.
- Bird Guides – First for Bird News. New research delivers hope for ‘lost’ South American bird – Disponível em: https://www.birdguides.com/news/new-research-delivers-hope-for-lost-south-american-bird/?fbclid=IwAR2yl3vJ4l9fRwIpf9vwQEiEpCs9S8lsZW9YXfMHlBHsawskgtrpwwAfkrI Acesso em 25 mai. 2021.