Coruja-buraqueira – (Athene cunicularia)

A coruja-buraqueira é uma ave da família Strigidae. Com o nome científico cunicularia (“pequeno mineiro”) recebe esse nome, pois vive em buracos cavados no solo. Vivem no mínimo 9 anos em habitat selvagem. Costumam viver em campos, pastos, restingas, desertos, planícies, praias e aeroportos.

Coruja-buraqueira Foto – Edgard Thomas
  • Nome popular: Coruja-buraqueira
  • Nome inglês: Burrowing Owl
  • Nome científico: Athene cunicularia
  • Família: Strigidae
  • Habitat: Ocorre do Canadá à Terra do Fogo, bem como em quase todo o Brasil com exceção da bacia Amazônica. Já existem registros fotográficos comprovando a ocorrência da coruja buraqueira em todos os Estados brasileiros, incluindo a bacia Amazônica.
  • Alimentação: Alimenta-se principalmente de insetos, mas pode caçar pequenos roedores, répteis, anfíbios e até pássaros pequenos.
  • Reprodução: A reprodução da coruja-buraqueira começa entre março ou abril. Faz seus ninhos em cupinzeiros, buracos de tatu e buracos na areia em regiões litoraneas, costumando cavar túneis de até 2 metros e forrar o fundo com capim seco. O casal se reveza, alarga o buraco, cava uma galeria horizontal usando os pés e o bico e por fim forra a cavidade do ninho com capim seco. As covas possuem, em torno de 1,5 a 3 metros de profundidade e 30 a 90 centímetros de largura. Ao redor acumula estrume e se alimenta dos insetos atraídos pelo cheiro. Botam, em média de 6 a 11 ovos; o número mais comum é de 7 a 9 ovos. A incubação dura de 28 a 30 dias e é executada somente pela fêmea.
  • Estado de conservação: Pouco preocupante. iucn lc
Coruja-buraqueira Foto – Edgard Thomas

Características:

Ave de pequeno porte, seu tamanho médio é de 23 centímetros. Possui a cabeça redonda, sem penachos e os olhos estão dispostos lado a lado, num mesmo plano. As sobrancelhas são brancas e os olhos amarelos. A coloração é cor-de-terra, mimética, podendo apresentar plumagem em tons de ferrugem causada por solos de terra roxa. Ao contrário da maioria das corujas o macho é ligeiramente maior que a fêmea e as fêmeas são normalmente mais escuras que os machos. Tem vôo suave e silencioso. Ela tem que virar o pescoço, pois seus grandes olhos estão dispostos lado a lado num mesmo plano.

Possui vinte e duas subespécies:

  • Athene cunicularia grallaria (Temminck, 1822) – ocorre no leste do Brasil, do estado do Maranhão até Mato Grosso e Paraná;
  • Athene cunicularia cunicularia (Molina, 1782) – ocorre no sul da Bolívia e sul do Brasil até o Paraguai e Terra do Fogo;
  • Athene cunicularia hypugaea (Bonaparte, 1825) – ocorre no sudoeste do Canadá até El Salvador;
  • Athene cunicularia rostrata (C. H. Townsend, 1890) – ocorre na Ilha Clarión (Arquipélago Revillagigedo, oeste do México);
  • Athene cunicularia floridana (Ridgway, 1874) – ocorre nas pradarias do centro e sul da Flórida, Bahamas, Cuba, e ilha dos Pinheiros em Cuba;
  • Athene cunicularia guantanamensis (Garrido, 2001) – ocorre na região costeira do norte de Cuba na província de Guantánamo;
  • Athene cunicularia troglodytes (Wetmore & Swales, 1931) ocorre nas ilhas de Hispaniola, Gonâve e Beata do território do Haiti e República Dominicana;
  • Athene cunicularia amaura (Lawrence, 1878) – originalmente ocorria no Caribe na ilha de Nevis e Antígua. Hoje está extinta;
  • Athene cunicularia guadeloupensis (Ridgway, 1874) – originalmente ocorria no Caribe na ilha de Guadalupe. Hoje está extinta;
  • Athene cunicularia brachyptera ((Richmond, 1896) – ocorre na Ilha Margarita na Venezuela;
  • Athene cunicularia arubensis (Cory, 1915) – ocorre no Caribe, na Ilha de Aruba;
  • Athene cunicularia apurensis (Gilliard, 1940) – ocorre na Venezuela;
  • Athene cunicularia minor (Cory, 1918) – ocorre no sul da Guiana e no extremo norte do Brasil, no estado de Roraima;
  • Athene cunicularia carrikeri (Stone, 1922) – ocorre no leste da Colômbia;
  • Athene cunicularia tolimae (Stone, 1899) ocorre no oeste da Colômbia na região de Tolima;
  • Athene cunicularia pichinchae (Boetticher, 1929) – ocorre no oeste do Equador (exceto no litoral árido);
  • Athene cunicularia nanodes (Berlepsch & Stolzmann, 1892) – ocorre no litoral árido do oeste do Peru, nas regiões de Trujillo até Arequipa;
  • Athene cunicularia punensis (Chapman, 1914) – ocorre na porção árida do litoral do sudoeste do Equador e noroeste do Peru;
  • Athene cunicularia intermedia (Cory, 1915) – ocorre na região costeira do oeste do Peru da região de Paita até Pacasmayo;
  • Athene cunicularia juninensis (Berlepsch & Stolzmann, 1902) – ocorre na porção central da Cordilheira dos Andes no Peru (Junín) até o oeste da Bolívia e noroeste da Argentina;
  • Athene cunicularia boliviana (L. Kelso, 1939) – ocorre na Bolívia;
  • Athene cunicularia partridgei (Olrog, 1976) – ocorre no norte da Argentina, na província de Corrientes.

(Clements checklist, 2014).

Coruja-buraqueira Foto – Edgard Thomas

Comentários:

Costuma viver em campos, cerrados, pastos, restingas, planícies, praias, aeroportos e terrenos baldios em cidades. Coruja terrícola tem hábitos diurnos e noturnos, mas é ativa, principalmente durante o crepúsculo, quando faz uso de sua ótima audição. Tem o campo visual limitado, mas essa deficiência é superada pela capacidade de girar a cabeça até 270 graus, o que ajuda na focalização. As corujas foram observadas em colônias, havendo uma área pequena de buraco para buraco. Tais agrupamentos podem ser uma resposta a uma abundância de buracos e alimento ou uma adaptação para a defesa mútua. Os membros da colônia podem alertar-se à aproximação dos predadores e juntar-se e fugir.

Coruja-buraqueira Foto – Edgard Thomas

Consulta bibliográfica sobre a espécie:

  • FRISCH, Johan Dalgas; FRISCH, Chistian Dalgas. Aves Brasileiras e Plantas que as Atraem 3ª edição. Ed. Dalgas Ecoltec – Ecologia Técnica Ltda.
  • SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1997.
  • Sigrist, Tomas Sigrist; Guia de Campo Avifauna Brasileira 1ª edição 2009 Avis Brasilis Editora.
  • ITIS – Integrated Taxonomic Information System (2015); Smithsonian Institution; Washington, DC.
  • CLEMENTS, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, D. Roberson, T. A. Fredericks, B. L. Sullivan, and C. L.. The Clements checklist of Birds of the World: Version 6.9; Cornell: Cornell University Press, 2016.

Referências